A Sociologia em Teodoro & Sampaio

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de Mauricio Daniel, diretamente de Barretos/NY


Difícil imaginar que, no âmago da cultura pop-sertaneja brasileira, existam esforços direcionados à discussão e elucidação de problemas da área acadêmica das Humanidades. Ativos desde 1980, Aldair (Teodoro) e Gentil (Sampaio) desempenham importante papel ao levantar, nas composições que interpretam, questões e reflexões próprias da Sociologia. Um verdadeiro alívio no atual cenário lírico-musical, que parece julgar mais relevante tratar de complexas indagações como "Eu vou pegar você e tãe tãe tãe" ou "eu quero tchu/tchan/glu".
Gozando de considerável sucesso, inclusive internacionalmente, a dupla nunca desviou de delicadas problemáticas sociais e atacou firmemente estruturas estabelecidas e conformismos dos velhos padrões brasileiros. Ouso dizer que passou da hora dos acadêmicos do país dedicarem suas atenções para uma análise completa da obra de Teodoro & Sampaio, que certamente contribuiria para o enriquecimento dos estudos sociais. Fikdik para uma boa tese de doutoramento ;)
Enquanto a dupla ainda permanece no obscuro oceano do cult e não cai nas graças das universidades e crítica, o Mídia ao Sugo, como defensor da cultura de raízes populares, faz sua parte e explora os aprofundamentos presentes em algumas das canções mais contundentes do repertório dos sertanejos:


Mulher Chorona




Eta mulher chorona
Chora feito uma sanfona
Arruma as malas
E diz que vai embora
Dali a pouco se arrepende
E chora...(2x)


Evidentemente, Mulher Chorona representa um verdadeiro manifesto em nome das causas feministas e de maior expressão da mulher no contexto social. Afirmando a tristeza no choro da femme, a dupla deixa claro que o caminho feminino para maior representação foi árduo e trabalhoso, e mesmo implicita que a questão ainda está longe de um fim.
Interessante notar que o comentário social aqui vem ácido e irônico, acompanhado de um instrumental esperto que mistura a sanfona rápida com guitarras incisivas. As mulheres realmente conquistaram muito nos últimos tempos, mas será que atingimos um ponto ideal? Teodoro & Sampaio discordam prontamente e não têm medo de expor seu ponto de vista. Admirável.

Ela Apaixonou Num Moto-boy




Ela apaixonou num moto-boy, agora o que, que eu vou fazer
Os dois andando numa moto, eu aqui na fossa pedi pra morrer.
Ela apaixonou num moto-boy tô perdendo a minha fé
Moto-boy tem mais dinheiro eu tô quebradinho, tô andando a pé.

Aqui a dupla mostra que não está disposta a esquivar-se dos corredores labirínticos da Economia: ilustra com o moto-boy a tão falada ascensão das classes econômicas C e D. Na letra, o eu-lírico lamenta a perda da pessoa amada e chega a admitir sua admiração pelo concorrente ("moto-boy tem mais dinheiro...").
Um verdadeiro passo de mestre, a canção une a melodia intensa com argumentos incendiários. A mensagem é incisiva e direcionada aos que se inconformam com as reconfigurações econômicas brasileiras. Clássico.

Lobisomem Apaixonado



Sou lobisomem apaixonado,
O seu bem-amado, sou bicho feroz
Na sexta-feira a lua é cheia, a coisa fica feia
Ninguém pode co nóis (sic)

Esta foge do tema, mas merece menção. Em Lobisomem Apaixonado, os sertanejos ousam e fazem referências literárias, em especial ao realismo fantástico de Jorge Luis Borges. Narrando as desventuras de um licantropo, um misto de besta e humano notívago e mortal, a letra lança mão de figuras de linguagem espertas e dinâmicas. Destaque para a passagem "o meu corpo é peludo/na verdade eu sou tudo que a mulher deseja", que sugere sensualidade à la Tony Ramos aliada com o estranhamento. 
No decorrer da canção, ainda surgem indícios de que Aldair e Gentil andaram lendo muito H.P. Lovecraft e Allan Poe. Mais do que um par de rostinhos bonitos, a dupla preocupa-se com questões sociais e não se acanha na hora de mostrar vasto repertório cultural.
N. do E.: - outra possível influência para a música está em uma fanfiction de Harry Potter, um texto corajoso e um tanto exótico.

Filho da Tuta




Sai pra lá seu pestinha, sai pra lá
Você não é meu filho, eu ainda vou provar
Sai pra lá seu pestinha, sai pra lá
Sua mãe está mentindo, para me provocar

As últimas quatro décadas trouxeram o assunto das responsabilidades sociais à tona com cada vez mais vigor. Com o aumento de técnicas contraceptivas e a queda de muros morais da questão sexual, nunca estivemos tão avançados no mundo moderno. No entanto, as mudanças trazem consigo síndromes também propriamente modernas: filhos que não tiveram a paternidade reconhecida são um bom exemplo. Teodoro & Sampaio, mais uma vez mostrando-se sensíveis ao panorama das discussões atuais, destilam dois minutos e cinquenta segundos de puro ataque ao moralismo. 
Colocando o eu-lírico como um pai que não reconhece o filho, a letra toca na ferida de uma infinidade de casos no país todo. A ironia persiste nas provocações, questionando a validade de testes como o exame de DNA (ver Programa do Ratinho). Destaque também para o trocadilho envolvido no substantivo próprio "Tuta", que pode levar a diversas interpretações.

Pitoco




Liguei pra lá, Pitoco atendeu
"Tem alguém aí?"
"Au, au, au..." - Ele respondeu.
"É algum marmanjo?"
"Au, au, au.. " - Assim confirmou
"Ele ta na sala?"
"Au, au..." - Pitoco negou
"Ele ta no quarto?"
"Au, au, au.. " - Assim confirmou
"Faz tempo?"
"Auuuuuuuu..." - Pitoco uivou
"Que que eles tão fazendo Pitoco?"
"ashuashuashua"
Pitoco fungou, a casa caiu
É mais um caso que acontece no Brasil


Pra fechar com chave de ouro, uma verdadeira obra de arte. De primeira, fica difícil acreditar que exista comentário social em Pitoco, mas uma segunda audição já revela seu aprofundamento. Contando a história de um cachorro de inteligência anormal que é usado para desmascarar um adultério, a letra promove convivência harmônica entre discurso direto e indireto, num uso belíssimo que trecho acima pode provar.
A sociologia aqui é velada e lida com uma questão quase nunca explorada: a relação dos humanos com seus animais de estimação. Como saber se não os submetemos a uma vida intelectual reduzida e a padrões forçados de comportamento? Existe até uma grande chance de sermos mentalmente inferiores a eles, como o cãozinho Pitoco denuncia. Um primor! Vale a audição também pelo ritmo, um forró de sanfona esperta, com participações indispensáveis do canino.


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Samba Enredo com o Pop no Pé

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De Rafael Nóia, direto da Sapucaí - aquele boteco que tem na esquina da Nações com a Brasil


Na tela da TV no meio desse povo....!

É meus amigos, carnaval tá chegando, época de festa, de alegria, de fantasia, de mulatas gostosíssimas seminuas a qualquer momento que você ligar a TV...tem coisa melhor? Mas carnaval vai muito além de mulatas e artistas da Globo desfilando seminuas se bem que só isso já é o suficiente pra deixar bem interessante; o ator principal aqui veio do morro, e quem não gosta dele ou é ruim da cabeça ou doente do pé. Estou falando do bom e velho samba! O samba enredo é aquela melodia que fica tocando enquanto você tá babando na bunda das mulatas e, quando você menos percebe, ela grudou, e você fica uma semana sem conseguir pensar em qualquer outra música. Normalmente com temáticas exaltando nossas belezas naturais, a alegria do carnaval e as belezas da Sapucaí, vez ou outra o samba que percorre a avenida se aproveita da influência da cultura pop ruim, e é essa influência que o Mídia ao Sugo vai mostrar pra você agora. Então deixe de frescura, pegue seu cavaco, vista seu abadá e bora cair no samba!



Tijuca 2009: Uma Odisseia Sobre o Espaço




Há muito tempo atrás, em uma galáxia distante....tá, nem tanto tempo atrás nem tão longe assim: era 2009 e foi no Rio de Janeiro. Mas um samba enredo sobre qualquer coisa que não seja carnaval ou belezas naturais do país já é algo que espanta, principalmente quando ele é sobre algo como o espaço. Tema mais nerd pro carnaval impossível? Aparentemente não. Só falar sobre o espaço não era nerd o suficiente para os compositores da Unidos da Tijuca, então eles resolveram dar ao samba enredo um nome que tem tudo a ver com o universo nerd pop ruim. Como pode ser facilmente percebido, o tema da Unidos foi inspirado pelo filme 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick. Se você não se lembra que filme é esse, é só pensar naquelas imagens de um macaco batendo em algo com um grande osso enquanto toca aquela música de comercial de carro. Se mesmo assim você ainda não sabe do que eu tô falando, vale a dica que esse filme, de 1968, teve influência direta em todas as sagas espaciais de sucesso posteriores, entre elas Star Wars, Star Trek, Perdidos no Espaço, Alien, Mass Effect e Dead Space. E se você nunca ouviu falar de nenhuma dessas coisas, sério cara, em que mundo você vive? Apesar disso, a letra do samba não entra em muitos detalhes sobre a obra de Kubrick, se focando mais naquela baboseira de São Jorge na Lua matando dragão e toda a “magia” de uma viagem pelo espaço mas, só por falar de uma nave, e do nome ser tão descaradamente copiado desse clássico do cinema nerd, esse samba-enredo mereceu um lugar em nossa lista.






Teresinha, Uhuhuuu!!!! Vocês Querem Bacalhau?



Como todos bem sabem, a televisão possui papel importante na festa do povo que é o Carnaval. Mas não apenas cedendo suas maiores estrelas como Rainhas da Bateria para as escolas e dando a todos seus telespectadores uma prévia ao vivo do que podem esperar encontrar na Playboy o restante do ano. Muitas vezes a TV vira também tema de desfile, que adoram prestar tributos a ídolos da telinha, sejam eles já falecidos ou não. E o homenageado no desfile de 2007 da Imperatriz Leopoldinense foi o grande e saudoso Chacrinha, o cara que mostrou pra todo mundo que ser brega e tosco é legal, e para quem nós aqui do Mídia ao Sugo só temos a agradecer. Com um samba que faz alusão a vários ícones de seu antigo programa, como a buzina, o bacalhau e as chacretes, acabou recebendo nota 7 dos jurados, que acharam que ele seria muito melhor interpretado caso a Rainha da Bateria fosse o Falcão.






Xuxa e seu Reino Encantado no Carnaval da Imaginação



Ainda no quesito de homenagens a ícones da TV brasileira, é lógico que a Rainha dos Baixinhos e atriz pornô edipiana Xuxa não iria ficar de fora. E em 2004 ela recebeu sua justa homenagem, num desfile da Caprichosos de Pilares todo pensado em sua homenagem. Com um samba-enredo que contava toda a trajetória da moça que começou como modelo no interior do Rio Grande do Sul para se tornar um dos nomes mais conhecidos por todo o país, mas que deixou cuidadosamente de lado toda a experiência como atriz de pornochanchadas da rainha contou com a própria moça, junto com suas Paquitas, no carro que fechava o desfile. Como o carro que fecha o desfile é o último, e Xuxa não pode ser a última em nada, isso gerou uma reação negativa entre os fãs que os acompanhavam, além de notas sofríveis entre os jurados, fazendo com que a escola terminasse o certame no décimo quarto lugar, quase sendo rebaixada, o que prova o poder que a Rainha tem em agradar ou castigar seus súditos.






Esta Noite Levarei Sua Alma



Nome meio bizarro pra um samba não? Pois esse foi mais um grande trabalho do povo da Unidos da Tijuca. Quem disse que samba só precisa falar de alegria? Por que não falar de morte, não é mesmo? E por que não misturar um pouco de cinema nisso? Pois é tudo isso que a Unidos fez em seu desfile de 2011, ao homenagear o grande diretor José Mojica Marins, o Zé do Caixão. Mais conhecido por aqui pelo programa que tinha na Band na década de 90, o Cine Trash, Mojica é mundialmente conhecido como um dos maiores diretores do cinema trash de todos os tempos, estilo que já contou com nomes como o de Peter Jackson (O Senhor dos Anéis e O Hobbit) e Guillermo del Toro (O Labirinto do Fauno), entre tantos outros. E nada mais trash para esse cara que ficou conhecido pelos filmes toscos e as unhas gigantes do que desfilar no carnaval carioca, não é mesmo? Não só o enredo focava em Caronte (o barqueiro que leva as pessoas para o mundo dos mortos, de acordo com a mitologia grega) e na relação do cinema com a morte, mas o desfile da escola contava com o próprio Zé saindo de dentro de um caixão durante a apresentação. Todo esse trabalho valeu o bicampeonato para a Unidos da Tijuca, que só serve para dar ainda mais força àquela frase “se é trash, é bom”.






Hoje é Domingo, é Alegria. Vamos Sorrir e Cantar!



Como já dizia minha vó, domingo é dia de frango, farofa e Sílvio Santos. E como farofeiro e gente na posição de frango assado tem de sobra na avenida no domingo de carnaval, faltava apenas o Sílvio para ser um domingo completo. Esse domingo completo existiu em 2001, quando a Tradição resolveu seguir a tradição ai meu fígado! e trazer o dono do Baú como o tema de seu samba enredo. O samba homenageia toda a carreira do apresentador e dono do SBT, desde seus tempos de camelô e radialista, fazendo brincadeiras e joguetes com o nome de programas clássicos da emissora, como Em Nome do Amor e a Porta da Esperança. Além disso, o próprio desfile da escola contava com figuras clássicas da emissora do tio SS, como o Lombardi, Liminha, Roque, Ratinho, Hebe, Gugu, Celso Portiolli, Carlos Alberto de Nóbrega, Ivo Holanda e até mesmo o palhaço Bozo. Apesar de ter sido um enorme sucesso entre os presentes e um dos desfiles mais antológicos da história do carnaval carioca, a escola terminou em apenas oitavo lugar na colocação geral. Apesar disso, o samba-enredo sobre o homem do Baú é ótimo, daqueles que grudam na cabeça e, pessoalmente, é o meu preferido entre todos os citados. Vale a pena dar uma conferida nessa bela homenagem ao mestre dos domingos.





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Três anos sem Hermes e Renato e reflexões sobre o humor

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por Bruno Marise

Depois de anos de especulação e boatos, o humorista Marcelo Adnet finalmente deixou a MTV e assinou contrato com a Globo. Hoje já deu sua primeira entrevista como global. É uma pena. Considero o cara o melhor humorista em atividade no Brasil, pode até ser ( e torço muito pra isso) que ele faça um bom trabalho na emissora. Sou longe de ser aqueles caras que pregam contra o canal de Roberto Marinho 24h por dia, mas sabemos que o Padrão Globo de Qualidade sempre limita a criatividade, ainda mais em se tratando de um humorista. Mas que caralhos eu tô falando do Adnet em um texto sobre o Hermes e Renato? Bom, o cara foi o último reduto de humor no canal musical por alguns anos, posto que pertenceu ao grupo fluminense por muito tempo. E há três anos eles seguiram o mesmo caminho do novo humorista da Rede Globo: Após mais de dez anos de MTV, anunciaram sua ida para a Rede Record para fazer parte do novo projeto de Marcos Mion, o constrangedor  Legendários. A ex-emissora, porém, reteu todos os nomes de personagens e quadros e também a marca "Hermes e Renato". O quinteto mudou de nome para Banana Mecânica e assim morreu o grupo humorístico mais genial que já passou por esse país.

Se você viveu hibernando nos últimos vinte anos e nunca ouviu falar em Hermes e Renato, provavelmente o Boça ou o Joselito você conhece. Se mesmo assim ainda tá se perguntando que porra é essa, calma, eu explico. Em 1999, um grupo de amigos (Fausto Fanti, Adriano Silva, Bruno Sutter, Marco Alves e Felipe Torres) de Petrópolis no Rio de Janeiro, decidiu enviar uma fita VHS com alguns quadros criados por eles ,para a MTV. A emissora se interessou e começou a exibir algumas das esquetes de 15 minutos durante a programação. A aceitação foi boa, e o grupo foi contratado e batizado de Hermes e Renato, nomes dos personagens de um desses quadros: Dois bicheiros cariocas do estilo malandro inspirados no cinema brasileiro dos anos 70. A merda estava feita. 

Com uma estética propositalmente tosca e malfeita, humor totalmente escrachado, palavrões a rodo e uma mistura de Trapalhões com Chaves e Costinha o grupo destilou sua genialidade por dez temporadas na emissora musical, até que a necessidade de pagar as contas os levou a Record. Não estou os julgando, os caras já eram pais de família e tinham uma proposta irrecusável na mão. Só fico triste que aquele programa incrível e hilário que eu acompanhava com afinco desde que era um pivete chato, ia acabar. Nunca  esqueço da primeira vez que assisti. Uma noite de terça-feira, e eu na cama sem sono mudando de canal até que largo na MTV e ponho o controle de lado. Começa o tal de Hermes e Renato que eu sempre via as chamadas durante o dia mas nunca tinha parado pra assistir. O primeiro quadro é uma paródia do clássico programa do Bozo, o Palhaço Gozo. Lembro que passei mal de tanto rir. Ainda teve uma sátira do mestre Alborghetti, o programa Chapa Quente. Pronto ali os caras me ganharam. Imagina pra um moleque de 12 anos, um humorístico quase anárquico cheio de palavrões e bagaceira ao extremo, isso em plena TV aberta. Aquilo era a coisa mais genial do mundo. No dia seguinte, claro, contei pra todos os amigos na escola da nova descoberta que tinha feito e imitava todos os quadros durante o intervalo das aulas.


O melhor da baixaria

Vou tentar lembrar aqui os melhores quadros e esquetes dos bons tempos de H&R:

Hermes e Renato

O quadro que deu origem ao grupo consistia em dois malandros cariocas, interpretados por Fausto Fanti (Hermes) e Marco Alves (Renato) e representavam toda a escrotisse e baixo calão do programa. Nas últimas temporadas esse quadro ficou meio esquecido, mas está entre os mais inspirados do grupo. Dá uma ligada na esquete "Filho Viado" aí embaixo.



Documento Trololó

Uma paródia dos programas a la Globo Repórter, o Documento Trololó está entre as coisas mais genialmente engraçadas que o H&R já fez. Recomendo que assistam todos. Só pra ter uma ideia o "programa" tratava de assuntos como Sogras Violentas, Vagabundos, Pessoas Feias e Muambeiros.




Chapa Quente

Uma homenagem dos caras ao falecido mestre Alborghetti. Os esporros na equipe, os merchans ridiculamente exagerados e as matérias sensacionalistas foram todos reproduzidos com maestrias e com o exagero habitual dos humoristas. Os crimes abordados eram coisas do tipo "Ladrão de doce leva 365 tiros" e "Mulher morre devido a SPM (Surra de Pau Mole)".




Merda Acontece

Um programa que conta o drama de pessoas que sentem vontade de cagar em situações inusitadas com um apresentador vestido de merda (Felipe Torres). Precisa falar mais alguma coisa?



Joselito

Talvez o personagem mais famoso do H&R ao lado do Boça. Joselito, o Sem Noção (Adriano Silva) é inspirado naquele cara folgado que tá sempre esculachando e zuando todo mundo. Digite "Joselito" no Youtube e veja tudo que puder.




Cozinha do Away

A figuraça Gil Brother, o Away de Petropólis (Que hoje tem um canal no Youtube) era um artista de rua do Rio já conhecido de alguns dos membros do H&R que o chamaram pra fazer uma participação em um dos episódios. Perceberam que ele tinha um grande talento de improvisação, e o Away acabou entrando pro grupo, sendo responsável por alguns dos melhores momentos de toda a história do grupo, como a brilhante e de mijar de rir Cozinha do Away.





Não vai dar pra falar de todas os quadros bons que o H&R criou, até porque ainda tenho muita coisa pra escrever, mas não deixem de ir atrás desses: Programa Cláudio Ricardo, Igreja Pentecostal Loucuras de Meu Deus, Causos do Acaso, Area 51, Tolerância Mil, Drops Away News, Notícia Sativa e Jornal Jornal, Jegueass...



Outros formatos

O Hermes e Renato algumas vezes fugiu de seu habitual programa e se aventurou em outros projetos, tão bons quanto o show original. Vou lembrar deles aqui.



Especial de Natal

Ah, os bons tempos. Treze anos nas costas, sem preocupação nenhuma, final de ano, férias. E na TV um especial de Natal de H&R. Esse especial está entre as melhores coisas que o grupo já fez. Só a paródia do documentário "Super Size Me" com o Fausto Fanti alertando sobre as ameaças do Bolovo já valem o programa todo. Não consegui achar o especial na íntegra pra postar aqui, mas é só pesquisar no Youtube que tem ele picotado.



Novelas

O Proxeneta

Depois de sete temporadas no ar, o H&R decide produzir sua primeira novela. Em outubro de 2006 vai ao ar, O Proxeneta, com 10 episódios que contam a história de Franco Faraco, presidente de uma fábrica de privadas (Barro na Louça Corporation), que sobrevive a uma tentativa de assassinato do misterioso par de botas pretas. Impossível descrever o quão engraçado é essa porra. No Youtube tem a novela completinha.



Sinhá Boça

Deixei de falar do Boça lá em cima pra poder lembrar dele aqui. O personagem mais famoso do H&R surgiu em algumas esquetes como uma sátira dos paulistanos, do tipo crianção de 30 e poucos anos, mimado e criado pela vó. Depois do bom resultado de O Proxeneta, os caras resolveram fazer mais uma novela, dessa vez com o Boça como personagem principal. Mais uma pérola engraçadíssima. Também completa no Youtoba. Já devo ter assistido essa bagaça umas 10 vezes, sem exagero, e racho de rir cada vez que vejo.



Tela Class

Depois de duas novelas, o quinteto arrisca mais um projeto: Uma série de redublagens de filmes B dos anos 70/80 no estilo do Bátima Feira da Fruta. O resultado é brilhante, mais uma vez. Recomendo que assistam Boquinha de Cemitério, A Vingança do Ídalo, Garras de Baitola e Tretas de Honk Kong, além do vídeo aqui embaixo.





O papo furado do Humor Inteligente

Não tem dessa de humor inteligente. Existe o engraçado e o sem graça. Se um negócio te faz rir, dane-se se é uma piada de papagaio ou uma baita crítica social elaborada. Se é engraçado, é engraçado, ponto. O CQC começou com essa historinha lá em 2008, quando estreou e muitos foram na onda. Era até legal no começo, não porque era "inteligente" ou uma "crítica aos políticos", simplesmente porque te fazia rir numa segunda feira à noite. E hoje quem liga pro CQC? Já o Pânico que tá há quase 10 anos no ar e é crucificado por meio mundo, por mais que seja apelativo em alguns momentos, soube se reinventar sem nunca deixar de ser engraçado. Hermes e Renato nunca fez questão de agradar ninguém, e os cinco palhaços deixavam claro que estavam se divertindo pra cacete, em primeiro lugar. Sem ligar pras críticas do tipo "só tem palavrão", "é ridículo e de mal gosto" "humor infantil". Foda-se, era ENGRAÇADO. Passaram dez temporadas, eles seguiram seus caminhos, foram pra Record e viraram só mais um grupo de humor. Continuo respeitando os profissionais que são, mas não assisto e nem faço questão, porque já não é a mesma coisa. E o antigo Hermes e Renato faz falta pro humor, e como. E agora com a ida do Adnet pra Globo , o humor na TV parece que está com os dias contados mesmo (quero estar errado). E a saída pra isso deve ser a internet. Particularmente, o melhor do humor brasileiro nesse exato momento, é o canal Porta Dos Fundos (recomendo demais!), no Youtube. Bem esculachado, escrotizador e insano. Do jeito que o antigo H&R era.

 Sou um cara muito nostálgico e saudosista, e coisas que fizeram parte da minha infância e adolescência são sagradas pra mim. E é triste saber que provavelmente nunca mais terei um episódio inédito de Hermes e Renato como costumava ser, e que eles já fazem parte do passado. Resta caçar os vídeos no Youtube e ser feliz. Só tenho pena que a molecada de hoje em dia não vai um representante da escrotisse e tosqueira na televisão. Caçando uns vídeos deles esses dias no Youtube vi um comentário que praticamente definiu tudo que eu penso de Hermes e Renato, e é com ele que eu encerro esse post. Obrigado Fausto Fanti, Bruno Sutter, Adriano Silva, Felipe Torres e Marco Alves.

"A imundice, a escrotisse, o baixíssimo nível, a putaria escrachada e a total falta de respeito pela moral e os bons costumes fazem de Hermes e Renato simplesmente o melhor programa de humor da HISTÓRIA de toda a TELEVISÃO MUNDIAL"



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Van Damme: o Sábio

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De Rafael Nóia, direto da Kopenhagen




Todo mundo conhece Van Damme. Tudo bem que nem todo mundo sabe que o cara é belga – sim ele nasceu na Bélgica, mais conhecida por nos proporcionar, entre outras coisas, a batata-frita, os quadrinhos do repórter Tintin, waffles e o Vincent Kompany, um dos zagueiros mais pernas-de-pau da história do futebol mas que mesmo assim está sempre envolvido em transferências milionárias para os maiores e mais tradicionais clubes europeus – e que o nome verdadeiro dele é Jean Claude Camille François Van Varenberg, o que provavelmente faz dele o lutador e bad boy fodão do cinema com mais nomes femininos na certidão de nascimento da história. Mas o que menos gente ainda sabe é que o astro de filmes como Soldado Universal, Kickboxer, O Grande Dragão Branco, A Colônia e Street Fighter é também, além de ator, diretor e mestre das artes marciais, filósofo. Isso mesmo, filósofo! Ou guru espiritual, caso você queira vir falar pra gente que “ishto não é philosophia!” Tanto faz. O importante é que, como não poderia deixar de ser, nós do Mídia ao Sugo trazemos para vocês as melhores frases desse gênio das voadoras, e acreditamos que elas mudarão o seu modo de enxergar a vida tanto quanto mudaram o nosso.




“O ar é uma coisa linda, apesar de ninguém conseguir enxergá-lo. E é suave, apesar de ninguém conseguir tocá-lo. Mais ou menos como o meu cérebro.”

Essa é uma voadora giratória na cara de todos aqueles que tentam menosprezar o astro, insistindo que ele é só um rostinho bonito e um corpinho sarado desferindo socos e pontapés pra quem quer que apareça na frente dele (ou mate seu irmão, seu mestre, seu filho, sua esposa, seu cunhado, seu cachorrinho...). Ele é muito mais do que isso! Ele possui um cérebro. Você pode não conseguir enxergá-lo atrás de todos aqueles golpes – até porque a chance dele te por à nocaute antes que você consiga abrir sua cabeça é grande – mas ele está lá. Assim como o ar, não é porque você não consegue ver que ele não existe. Touché. K.O. Um tapa na cara com palavras; verdadeiro locaute intelectual a todos aqueles que o chamam de burro e bruto. Ele não é. Só você que não consegue ver. Mais ou menos como o ar.



“No ano 3000 as pessoas se comunicarão a partir de ondas sonoras. Não achem que eu estou louco, as baleias fazem isso. Os golfinhos também.”

Não contente em ser lutador, poeta e filósofo, Van Damme é ainda um visionário, título que só pode ser atribuído a alguns poucos homens na história da humanidade, como Leonardo da Vinci, Isaac Asimov e Galileu Galilei. E, assim como esses, Van Damme estava certo! O futuro chegou, e hoje, sempre que encontro algum amigo meu na rua, nós conversamos através de ondas sonoras. Que ele era bom de chute todos nós já sabíamos, mas é necessário uma inteligência transcendental para se expor numa previsão tão arriscada sem medo de errar.



“Eu sou um dos homens mais sensíveis da face da Terra – e eu sei disso.”

E não adianta apenas ser lutador, poeta, filósofo e visionário; ele ainda é sensível! Um dos caras mais sensíveis da face da Terra – e, sem modéstia nenhuma, já que isso não cabe a alguém de tantas qualidades, sabe disso. Menina, por favor, contenham seus orgasmos! Duvida que um cara que participou de tantos filmes de ação seja sensível? Pois saiba que, antes de virar um artista-marcial renomado, Van Damme iniciou sua carreira no cinema como dançarino – sim! Dançarino – no filme Breakin' de 1984. Você pode ver toda a sensibilidade do belga ao chamar ao animar a roda de dança entre os minutos 2:16 e 2:18 do vídeo abaixo:





“Minha esposa não é a minha melhor parceira sexual, mas ela cuida bem da casa”

Calma feministas! Antes de cair matando em cima do cara – e processando o blog – deem um olhada nessa outra citação, que serve para ajudarmos a entender melhor esse lado sensível do belga.




“Eu amo animais. Tenho nove cachorros e um gatinho. Meu maior orgasmo – não numa maneira sexual – é caminhar com os meus cachorros pela praia.”

Ainda não conseguiu entender? Explico: ao contrário de muitos poetas, que só querem saber de ficarem perdidos por aí bebendo, se drogando, saindo com qualquer bruaca e largando filhos pelos quatro cantos do mundo, Van Damme é um cara de família. Ao contrário de muita gente que casa com a melhor transa em busca de sexo – o que é uma cilada, porque todo mundo sabe que, se você tá casando por causa de sexo, vai acabar muito frustrado – ele prefere aquelas pequenas coisas da vida: uma mulher companheira, que o ajude a tomar conta da casa enquanto ele passeia com os cachorrinhos pela praia, pra retornar e ambos ficarem abraçados no sofá vendo filme de comédia romântica. Realmente, apenas um dos caras mais sensíveis da face da Terra seria capaz de fazer esse tipo de coisa. Van Damme: “esse cara sou eu”.



“Minha última luta foi há mais de 20 anos atrás. Não sou um lutador, mas um amante. Se alguém estiver falando mal de mim, eu simplesmente dou as costas e vou embora. Mas se um cara como o Steven Seagal me dá um tapa, eu revido com um tapa duas vezes mais forte. A vida é cheia de violência.”

O que dizer dessa pérola de sabedoria? Que o cara não é um lutador, vocês já sabem – um poeta que gosta das pequenas coisas da vida. Mas, sem fazer rodeios, ele consegue nos mostrar como a vida pode ser violenta. Isso nos lembra as lindas palavras de Rocky Balboa em seu último filme: “O mundo não é um grande arco-íris. É um lugar sujo, é um lugar cruel, e que não quer saber o quanto você é durão: vai botar você de joelhos e você vai ficar de joelhos pra sempre se você deixar. Você, eu....NINGUÉM vai bater tão duro como a vida. Mas não se trata de bater duro, se trata de quanto você aguenta apanhar e seguir em frente.” Como podemos ver, além de tudo o que já falamos, Van Damme ainda foi inspiração para um dos discursos motivacionais mais bonitos da história do cinema ruim.
(E se você não entendeu o porque dele citar o Steven Seagal, dá uma olhada na nossa matéria sobre o sósia do Frank Aguiar que tudo pode ficar mais claro – ou não)



“Para andar da chaminé até a janela da minha sala eu levo 10 segundos, mas um pássaro faz esse trajeto um apenas um segundo, e o oxigênio é ainda mais rápido e leva 0 segundos!”

Van Damme é rápido, mas sabe que não é a coisa mais rápida do mundo – e consegue fazer essa observação magnífica sem nem mesmo sair da sala! A relação de Van Damme e o oxigênio só faz par com a de Newton e a maçã: algo completamente genial e que mudará para sempre as leis da física. Porque o oxigênio é ar, mais ou menos como o cérebro dele – ou seja, enquanto seu corpo leva 10 segundos para atravessar sua sala, seu cérebro faz o percurso instantaneamente, o que faz com que ele, praticamente, seja um conhecedor da técnica do teleporte de Goku. E você achava que ele não era um gênio...tsctsctsc. Mas toda a genialidade do lutador-poeta-filósofo-visionário-amante-latino só pode ser vista nessa próxima citação.



“Um cookie não tem alma, é apenas um cookie. Mas antes de ser um cookie ele já foi leite e ovos. E nos ovos há potencial para a vida.”

Não há nada mais a ser dito. Van Damme: o sábio. Durmam com esse barulho.


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Cinco séries que deveriam chamar mais atenção

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De Rafael Nóia, direto da cama, da chuva e da fazenda




E daí você tá ali em casa, navegando no Facebook e vendo seus amigos falando sobre aquelas séries manjadas de sempre - Big Bang Theory, How I Met Your Mother, Grey's Anatomy, e todos aqueles nomes que você acha um saco - e você fica se perguntando "sério que é só isso que existe na TV?" Bem. não mais! O Mídia ao Sugo traz pra você 5 opções de séries que quase não são conhecidas por aqui, pra você, além de se divertir, poder ficar pagando de hipster pros amiguinhos.


Metal Hurlant Chronicles




Esse é talvez um dos seriados não-conhecidos mais aguardados por fãs de quadrinhos em todo mundo. Metal Hurlant Chronicles nada mais é do que uma adaptação dos extraordinários quadrinhos franceses Métal Hurlant, que aqui no Brasil ficou conhecido como a série Heavy Metal. Apesar de normalmente ser lembrado pela extrema violência e pelo nudismo explícito de suas páginas, a revista – que teve sua primeira edição americana em 1977 – é uma das melhores publicações de ficção científica e fantasia existentes, e teve seus artistas considerados como os maiores nomes do novo movimento surrealista. Isso ajudou-a muito a  adquirir um status cult – apesar dos robôs gigantes, lutas de espadas entre bárbaras peitudas com pouca roupa e palavrões ditos por motoqueiros ciborgues vestidos de cowboy – e, entre os muitos personagens apresentados por ela, podemos destacar a aventureira espacial com tendências ninfomaníacas Barbarella – apesar de não ter nascido nas páginas da revista, apareceu várias vezes por lá. Assim como os quadrinhos que o inspirou, o seriado não possui uma linha de história única, mas sim várias histórias independentes – e em mundos diferentes – que são debilmente ligadas por um acontecimento – um meteoro que passa por esses mundos no momento da narração. A série é uma produção belgo-francesa, e estreou no canal France 4 em 27 de outubro de 2012. Apesar de não ser nenhuma superprodução – é nítido que os idealizadores não tinham muito dinheiro para investir naquilo – ao menos não falta bom senso, escolhendo boas histórias que não necessitem de tantos efeitos especiais para serem produzidas – e sempre com um final irônico, marca que sempre fez os leitores mais sádicos de Heavy Metal darem risada, ainda que tudo fosse uma grande tragédia. Apesar dos parcos recursos financeiros, a série conta com um cast de primeira linha de atores de filmes ruins, entre eles Michael Jai White (conhecido pelos papéis de Al Simmons no Spawn de 1997 e ter encarnado o Jax na série para internet Mortal Kombat: Legacy), Kelly Brook (a Danni Arslow do magnífico Piranha 3D, remake do clássico de 1978), Scott Adkins (artista marcial que fez ponta em vários filmes de ação, entre eles, Mercenários 2, O Medalhão e Ultimato Bourne, além de ter sido uma das estrelas de Pit Fighter), David Belle (conhecido por ter sido o criador do parkour e estrela dos filmes da série Distrito 13) e Rutger Hauer (que tem muitos trabalhos realmente bons, mas será lembrado aqui por ter sido o primeiro vilão da série Buffy: A Caça Vampiros). Se você é um fã de histórias sádicas e não daqueles chatos que acha que um bom seriado tem que ser uma super-produção com atores famosos, milhões gastos e muita propaganda em cima, vá atrás de Metal Hurlant Chronicles. E se não for desses, também dê uma olha nessa série, que é uma das melhores coisas que os franceses fizeram nesses últimos anos. Um must see total.





Justified





É injustificável que esse seriado não receba a devida atenção da mídia. Justified é, de longe, a melhor série policial da TV – e coloco nesse bolo todas as milhões de versões de Law & Order e CSI. Justified é, basicamente, um western moderno – e não nos moldes dos intragáveis Longmire e Vegas, mas apenas comparável a duas obras-primas cinematográficas: Onde Os Fracos Não Tem Vez e Gran Torino. A série conta a história de Raylan Givens, um marshall (um agente da polícia federal, responsável por combater crimes como tráfico de drogas; maiores detalhes assista o filme U.S. Marshalls – Os Federais) que, após matar um grande chefe do tráfico em Miami, se vê obrigado a voltar para sua cidade natal, Harlan – uma cidadezinha no meio do nada no interior do Kentucky, dominada por traficantes e criminosos da pior estirpe, onde os métodos de cowboy e o dedo rápido no gatilho de Raylan se fazem bastante úteis. A série mostra não apenas o agente bonzinho prendendo criminosos, mas a vida conturbada desse em especial, que cresceu na família de uns dos maiores trapaceiros da região e hoje está do lado da lei. Ela também não peca ao mostrar os policiais locais como bonzinhos – praticamente todos estão envolvidos de algum modo com o crime, mas nem por isso devem ser combatidos, já que aquele é o oeste e, como todos sabemos, lá a lei é pura questão de interpretação. Esse clima de velho oeste é extremamente natural e bem feito – ao invés daquela coisa forçada artificial que estamos acostumados a ver na TV – pois a série é baseada nas obras de Elmore Leonard – um dos maiores escritores de westerns dos EUA, responsável por clássicos do gênero como Mr. Majestyk (Desafiando o Assassino, estrelado por Charles Bronson) e Valdez is Coming (Quando os Bravos se Encontram, estrelado por Burt Lancaster). Para os fãs de videogame, Justified é tudo aquilo que Call of Juarez: The Cartel prometeu e não conseguiu cumprir: um verdadeiro western com cenário contemporâneo. Soma-se a isso atuações impecáveis de grandes atores, como Timothy Olyphant (no papel de Raylan Givens, também conhecido por ter interpretado o Agente 47 no filme de Hitman) e Walton Goggins (que, no papel de Boyd Crowder, faz o que talvez seja a melhor interpretação de sua carreira). A série estreou pela FX em 16 de março de 2010, e já está indo para sua quarta temporada; aqui no Brasil, ela é transmitida pelo canal Space. Apesar de ser sucesso de crítica e ter recebido vários prêmios, por algum motivo absurdo ela não é assim tão conhecida por aqui. Então, se você gosta de western e bons dramas policiais, é injustificável que ainda não seja um fã de Justified.






Transporter: The Series



Parem todas as prensas! Essa é o tipo de série que a gente só sabe que precisava existir depois que existe. Basicamente, Transporter: The Series é um seriado do filme Transporter (conhecido no Brasil como Carga Explosiva), o título que ajudou a colocar Jason Statham como um dos grandes nomes do cinema de ação. Mais do que um seriado baseado no filme, Transporter: The Series é um seriado DO filme, o que torna tudo mais genial. O personagem principal continua sendo Frank Martin (dessa vez interpretado por Chris Vance, o James Whistler de Prison Break), um ex-agente de Forças Especiais (mas que nunca revela de qual país) que cansou dessa vida e resolveu virar um motorista particular que vive sob três regras (as quais ele sempre quebra): nunca mude o contrato; nunca abra o pacote; não diga nomes. A série gira em torno das aventuras do motorista enquanto cumpre seus contratos – que sempre consistem em levar alguma coisa do ponto A ao ponto B, mas que nunca são tão fáceis quanto isso possa parecer. Ela ainda se utiliza de outros elementos do filme, como o fato de Frank só dirigir Audis – uma característica que foi iniciada a partir do segundo filme – e o uso do ator francês François Berléand no papel do Inspetor Tarconi – papel esse que ele possui desde o primeiro filme da série. Fruto de um trabalho conjunto de quatro redes de TV em países diferentes, a série estreou primeiramente pela alemã RTL em 11 de outubro de 2012, seguida pela M6 francesa em 6 de dezembro, e pela HBO Canadá em 04 de janeiro desse ano. A estreia nos EUA se dará apenas em 21 de junho, e não há nenhuma previsão de quando chega ao Brasil. Apesar disso, não é tão difícil assim achá-la na internet, e existem até mesmo alguns episódios já com a legenda em português. Se você é fã dos filmes, assista essa série que não irá se arrepender.






Hell on Wheels




Enquanto se cria muita expectativa pela estreia de Hatfields & McCoys, muita gente esquece – ou desconhece – que já existe outra série do gênero na TV. Ao contrário de Justified, Hell on Wheels é o bom e velho western - old western, real western. A série foca na construção pela Union Pacific da primeira estrada de ferro que atravessa os EUA, de leste a oeste, em toda sua extensão, estrada essa conhecida por seus trabalhadores como “Hell on Wheels” (“Inferno sobre rodas”, em tradução livre). Passada durante o ano de 1865 – logo depois do fim da Guerra da Secessão – conta como protagonistas Cullen Bohannon, um ex-soldado Confederado e dono de escravos (interpretado por Anson Mount, mais conhecido por ter feito o par romântico de Britney Spears no filme Crossroads – Amigas Para Sempre), e Elam Ferguson, um mulato ganancioso que deseja poder e respeito acima de tudo (interpretado por Lonnie Rashid Lynn Jr. – nome artístico Common – que é rapper, modelo, ator, poeta e estilista – ou seja, tudo aquilo que alguém sem muitos talentos e que a mãe chama de “artista” tenta ser. A carreira de estilista dele merece destaque, já quem em 2008 lançou uma linha de roupas em parceria com – pasmem! - a Microsoft (????), a qual chamou de – por favor, sentem-se para não cair da cadeira – Softwear. Depois ficam tentando me convencer de que fazer piadas ruins não da futuro). A série estreou em 2011 pelo canal AMC (no Brasil, é transmitida pela HBO) e, como todo bom western, possui muitos tiroteios, brigas com faca, escalpos sendo arrancados, índios andando a cavalo e atirando flechas, prostitutas com muita roupa mas que ainda conseguem ser sexys, escapadas para o México, trens e um norueguês. Agora, se você não entendeu como o norueguês se encaixa nisso tudo, vá ver a série.






Sherlock




Esqueçam Elementary, The Mentalist, Copper, Monk e tantas outras tentativas bizarras de se plagiar o maior detetive de todos os tempos; Sherlock é o seriado definitivo para os fãs de Sherlock Holmes. Sherlock não é apenas “baseado” nas obras de Conan Doyle, mas é a própria; cada episódio conta a história de um dos livros do escritor inglês, adaptadas para fazerem sentido na Londres do século XXI. E, diga-se, muito bem adaptadas. Não só as histórias não perderam a essência das originais, como seus personagens também as conservam: Martin Freeman (o Arthur Dent de O Guia do Mochileiro das Galáxias e Bilbo Baggins de O Hobbit) é o Dr. John Watson, médico aposentado pelo exército e cheio de traumas adquiridos durante os anos que passou no Afeganistão, enquanto Benedict Cumberbatch (o Necromante e o Smaug de O Hobbit) traz a melhor caracterização do detetive para as telas – ao invés daquela imagem de lorde que estamos acostumados a ver atribuídas à Sherlock, Cumberbatch nos apresenta um personagem brilhante mas cheio de problemas – tando sociais quanto emocionais – e que está longe de ser alguém rico ou mesmo estável – apegado à excentricidades que tornam o personagem mais próximo ao Sherlock Holmes da literatura, num rebuscamento iniciado pela dupla Guy Richie-Robert Downey Jr. em Sherlock Holmes e que desde então vem sendo utilizado em todas as “novas faces” do detetive. Produzida pela BBC em 2010, a série possui duas temporadas de três episódios cada, e mais três deverão ser produzidos a partir de março desse ano. Se você é um fã do detetive ou de séries como The Mentalist, Psych e House, é imprescindível que se assista Sherlock. Depois não venham me falar que eu não avisei.




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5 razões que fazem de Steven Seagal um semideus

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De Maurício Daniel, direto do Monte Olimpo

Steven Seagal, sua espada Yoshihara Kuniie III e japonês aleatório.

Todo mundo tem uma razão para admirar Steven Seagal. Seja pelo onipotente rabo-de-cavalo ou pelo jeito canastrão, ou ainda por suas ótimas coreografias de aikido (que consistem, basicamente, dele desviando de alguém e desferindo tapões contra qualquer ameaça). Ao longo de uma carreira um tanto quanto instável, mas sólida, o cara atingiu um status inegável de lenda no universo dos filmes de ação. Vale lembrar que Seagal ainda é roteirista e produtor, sendo um dos únicos de sua geração a não ousar em outros gêneros fora da ação pura; altamente expressivo como é, não se sairia bem fazendo drama ou comédias (exceto no recente e grandioso Machete, onde interpreta um vilão que é basicamente uma piada sobre si mesmo).

Muitos vão se opor e lembrar dos já desgastados fatos sobre Chuck Norris, mas Seagal simplesmente chama mais atenção. Elas falam por si só: são as 5 razões que fazem de Steven Seagal um verdadeiro semideus na Terra. Se não as conhece, o Mídia ao Sugo™ mostra pra você!


1) Steven Seagal é guitarrista de blues





Sim, quando não está impedindo a destruição mundial ou salvando mocinhas peitudas, o sujeito ainda arruma tempo pra ter uma banda e mandar ver na guitarra e vocal. Na verdade, Seagal já se declarou "músico em primeiro lugar, depois ator", o que já demonstra o peso do blues em sua vida. Com dois álbuns gravados, ele aposta em um repertório que combina covers de clássicos com sons originais. O disco mais recente se chama Mojo Priest (2006) e vale a pena dar uma conferida (se não pela música, ao menos pela diversão de ver o cara tocando).



2) Steven Seagal protagoniza um reality show






Parece absurdo, mas Seagal é um xerife na Louisiana. Parece mais absurdo ainda, mas ele estrela um reality show do seu dia a dia como policial desde 2009! A pérola em questão se chama Steven Seagal: Lawman, e é simplesmente um must. Com duas temporadas completas e uma terceira em produção, a série é maravilhosa: mostra o cotidiano de Steven cuidando de casos que vão de cão perdido a tentativas de homicídio (é, é bem amplo), sempre acompanhado de um time de policiais velhos e acima do peso. Lawman é ouro puro, altamente recomendado.



3) Steven Seagal já foi desafiado por Jean-Claude Van Damme







Pois é, lenda contra lenda. Van Damme declarou recentemente, do alto de sua sutileza: "Não sou um lutador, mas um amante. Se alguém falar mal de mim, eu simplesmente vou embora. Mas se um cara como Steven Seagal me bate uma vez, eu bato nele duas vezes mais forte. A vida é cheia de violência". A razão da ira do baixinho ainda é desconhecida, mas sabe-se que houve uma briga entre os dois em 1997, na casa de Sylvester Stallone (sim, SEAGAL E VAN DAMME BRIGANDO NA CASA DE STALLONE, parei). Tente desconsiderar a absoluta falta de sentido na frase e imagine Seagal e Van Damme numa luta épica. Nós só teríamos a ganhar com isso.



4) Steven Seagal já vendeu refrigerantes







De nada adianta ser um ator e lutador bem sucedido e milionário se sua imagem não estiver associada com algum produto bizarro. Seagal notou isso e participou de uma propaganda do refrigerante Mountain Dew (é tipo uma Sprite, sei lá). A publicidade é engraçada e vale a pena dar uma olhada. Um detalhe curioso é que Chuck Norris também foi garoto-propaganda da mesma marca. Um beijo ao publicitário responsável.



5) Steven Seagal tem um cabelo imaculado




Eis a mais incontestável característica divina de Seagal. O cara participa frequentemente de guerras, chacinas, duelos mortais, explosões, reality shows péssimos, abraços no Anderson Silva e todo tipo de situação perigosa e insólita. Termina escoriado, lesionado, #chatiado, mas uma coisa continua intacta: sua cabeleira. É fato que o ator já usou vários estilos (do farto, passando pelo lambidinho e chegando à calvície evidente), mas suas madeixas sempre conservam uma imobilidade tremenda. Ficam arrumadinhas e penteadinhas, independente da intensidade da ação. Se isso não consolida um semideus, eu não sei de mais nada nessa vida.

Em tempo: Seagal teria influenciado o visual de Antonio Banderas, no começo da carreira deste. Curiosamente, ao contrário de seu inspirador, Banderas sempre terminava descabelado nas sequências de ação.A lição que se tira disso é que não dá para ultrapassar o mestre.


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Manifesto Mídia ao Sugo

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Você olha o título desse blog e se pergunta: “Mídia ao Sugo? Que que é isso? É de comer?”

Não. Não é. E isso é uma pena, até porque, na condição de estudante universitário gordo, eu estou sempre com fome.

Mas vamos parar de falar de minha pança sexy e voltar ao que (não) interessa.

Basicamente, a proposta desse blog é ir contra tudo aquilo que as pessoas – ou a grande maioria delas – que fazem faculdade de jornalismo – o que é o caso de todos os fundadores deste espaço – acreditam: que a Indústria Cultural matou (ou está matando, depende do quão otimista ou inocente, ou até ignorante mesmo, e que só tá repetindo discurso que algum professor falou em sala de aula quando ela tava cochilando e, como o cara parecia saber das coisas, resolveu que ele só podia estar certo) a verdadeira “alta cultura”; ou todas aquelas baboseiras que o Adorno morreu falando e o Benjamin se consertou no final do texto porque percebeu que tava falando mesmo besteira, mas, como ficou bem escrito e bonitinho, achou que valia uma publicação daquele jeito mesmo.

Me desculpem os defensores – aliás, desculpem nada! Se vocês se sentirem ofendidos, #chatiados, enjoadinhos ou com vontade de vomitar com qualquer das colocações feitas aqui, vai xingar no Twitter, ou fazer um protesto no Instagram, ou...mas, ops! Essas coisas são todos produtos secundários da indústria cultural né? – das teorias elitistas de cultura criadas nos séculos XVIII e XIX, mas, meus caros – e mesmo meu baratinhos – essas teorias já não fazem mais sentido nenhum no mundo de hoje! Podemos até falar em alta costura, mas não mais em alta cultura. Simplesmente não faz sentido. Primeiro, porque essa definição foi criada numa época em que apenas as elites tinham acesso a cultura – seja ela na forma de literatura, teatro, óperas ou o que fosse – o “alta” do nome sendo um reflexo direto da “alta” sociedade que estava acostumada a consumi-la. Hoje essa diferenciação não existe – alta e baixa sociedade consomem igualmente o mesmo lixo cultural todos os dias. Querendo ou não. Ao contrário de quando todas essas teorias separatistas foram criadas, não mais conseguimos viver isolados desse novo modo de fazer cultura. A não ser que se tenha nascido e passe toda a vida em uma caverna no meio de uma mata perdida e deserta e ainda não descoberta pelo homem, com nada além de uma estante com uma coleção completa das grandes obras dos “imortais” da cultura, você terá nascido em meio a um mundo que te enfia goela abaixo BBB, Latino e Domingão do Faustão. E, por mais que você esperneie e queira insistir que não, é esse lixo cultural que influencia diretamente a sua percepção de mundo – afinal, você não conhece nenhum mundo em que essas coisas não existam para conseguir dizer que , certamente, essa cultura da ““““““falta de cultura”””””” não o influencia em nada.

Mas, como dizem por aí, no lixo podemos achar o luxo. A Carminha taí pra não me deixar mentir. E é essa a proposto desse blog: achar o luxo no lixo.

Por que você deve ver o novo filme do 007? Por que o Chuck Norris é supervalorizado e o Steven Seagal, até mais do que ele, não pode ser deixado de lado? Por que os super-heróis podem ser base para profundos estudos sociológicos? É isso e muito mais que nós defendemos aqui.

Filme novo do Lars Von Trier? Novo álbum da Fiona Apple? O lançamento da 364a edição d'Os Lusíadas? Lugar errado, cai fora! Você não é nada bem vindo aqui.

Aqui não vamos falar de nada com frufrus, sotaque francês e legiões de baba-ovos acadêmicos por trás. Aqui é Van Damme, BBB, Crepúsculo, 50 Tons de Cinza e Programa Sílvio Santos.

O que interessa é a estética do lixo.

Porque isso sim é que é luxo.

 
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